Os livros sobre fascismo são importantes para oferecer perspectivas fundamentadas sobre um assunto repleto de equívocos. Por um longo tempo, qualquer um que tentasse rotular as pessoas com quem discordava politicamente como fascistas era visto como tendo passado dos limites.
Além disso, os países que adotaram o fascismo como base de seus governos não tinham uma história forte de princípios e estruturas democráticos que lhes permitissem suportar a demagogia fascista. Havia até uma certa escola de história que argumentava que a Alemanha era o “único” lugar onde o nacional-socialismo poderia ter florescido, porque a história da Alemanha revelou que os alemães “sempre” tinham tendências fascistas, mesmo durante a Reforma.
De fato, é fácil ver porque a população pode acreditar que o fascismo foi um momento ruim da história e algo que nunca poderia ter tido sucesso em um país que se orgulha de seus ideais democráticos. Ao criar um problema que acontece em outros lugares, os povos de outros países se orgulham de ser contra a prática ou ter “derrotado o fascismo” com seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial.
Mas o que acontece quando as ideias relacionadas à ideologia fascista se tornam populares entre um grande segmento de eleitores, como é o caso de alguns países hoje? A crença de que o fascismo nunca poderia acontecer em outros países impede as pessoas de identificá-lo como fascismo? É isso que muitos livros sobre fascismo se propõe a refletir ao pensarem fora da caixa.
Perspectivas das obras
Nas obras aqui reunidas, por exemplo, os autores abordam o fascismo de várias perspectivas. Os leitores poderão encontrar aqui uma elucidação adicional dos elementos do fascismo contida nos cinco primeiros trabalhos listados. Além disso, selecionados livros com experiências vividas por aqueles que experimentaram a vida em regimes fascistas. Ou seja, uma experiência de como o conhecimento é atacado por fascistas, a fim de substituir a verdade pela verdade fascista.
Outras obras abordam como resistir ao fascismo e a ênfase na perfeição física e suas conexões com atitudes em relação às mulheres e à sexualidade. Há também a ênfase fascista no espetáculo, ou os aspectos performativos do fascismo, como mostram as competições de cinema e esportes. Incluídos na lista de ficção estão os romances que foram escritos por alemães que viviam durante os anos nazistas, enquanto outros especulam sobre o que o neo-fascismo pode esperar de seus cidadãos.
Assim sendo, confira a seguir os 6 mais importantes livros sobre fascismo!
6 indispensáveis livros sobre fascismo
1. Como Funciona o Fascismo: A Política de “Nós” e “Eles”, por Jason Stanley
Jason Stanley é professor de filosofia em Yale e também filho de refugiados judeus europeus. Em Como o fascismo funciona, Stanley identifica as características definidoras dos regimes fascistas. Ele ilustra como essas idéias fundamentais são implementadas e decretadas em regimes.
2. As Origens do Totalitarismo, por Hannah Arendt
Arendt pode ter sido a maior pensadora do século XX. Afinal de contas, ela era uma alemã que fugiu da Alemanha quando seu judaísmo a tornou indesejável por lá. Mais tarde, ela ensinou em várias universidades americanas. Em As origens do totalitarismo, Arendt examina com rigor intelectual e detalhado os dois principais movimentos totalitários do século XX: stalinismo e nazismo. Para Arendt, o totalitarismo, como o nome indica, interferiu em todos os aspectos da vida. Chegou ao poder através da manipulação da multidão, mas uma vez no poder, separou as organizações que poderiam ter sido mobilizadas para se opor a ela.
3. A Anatomia do Fascismo, por Robert O. Paxton
Muitos estudiosos escreveram histórias intelectuais de movimentos fascistas. Eles definiram os ideais que os fascistas propagaram ou explicaram os textos que os fascistas usavam para identificar suas crenças. O problema é que muitos desses ideais parecem abstratos e pode ser difícil identificar o fascismo quando você não tem acesso à justificativa intelectual para certas ações. É isso que Paxton procura abordar nesse indispensável livro sobre fascismo!
4. On Tyranny, por Timothy Snyder
Timothy Snyder olhou para as histórias de vários governos do século XX, a fim de compilar essa lista compacta de maneiras cotidianas pelas quais as pessoas podem resistir à tirania e ao fascismo. Ele incentiva as pessoas a pensar por si mesmas, ou seja, a não aceitar aquelas publicações falaciosas no Facebook. Ou seja, antes de aceitá-las como verdade, é necessário se certificar de que foram relatadas por veículos de notícias confiáveis. Além disso, ele também sugere que as pessoas se apegem à idéia de que existe verdade. Não aceite uma idéia pois ela o deixa mais confortável do que reconhecer o fato verdadeiro, por exemplo.
5. Diário de um Desesperado, por Friedrich Reck
Segundo todos os relatos, Friedrich Reck seria a última pessoa a resistir aos nazistas: ele nasceu em uma família próspera e conservadora na Prússia Oriental. Reck não era fã da democracia e ansiava pelo sistema de hierarquia passado da Alemanha. Mas em 1936, ele começou a manter um diário de suas observações sobre o regime fascista. Reck se mostrou horrorizado com a brutalidade, a violência e o poder que eles tinham sobre a população alemã. Suas anotações no diário são cheias de desprezo, mas também fornecem aos leitores modernos uma sensação real de como as coisas eram horríveis para os alemães comuns. Além disso, Reck se mostra chocado com as tentativas nazistas de controlar o conhecimento e a verdade, e mantém um diário em um esforço para escrever o que realmente estava acontecendo, ao contrário das versões que os nazistas contavam.
6. Não Vai Acontecer Aqui, por Sinclair Lewis
O ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, Sinclair Lewis, morreu em 1951. Mas, ainda nos meses seguintes à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016, seu romance de 1935, Não Vai Acontecer Aqui, subitamente tornou-se um best seller novamente. Lewis escreveu o livro durante a Grande Depressão, quando o desemprego em massa, as fazendas em declínio e a pobreza tornaram os Estados Unidos vulneráveis, pensou Lewis, ao tipo de demagogo populista fascista que havia assumido o controle na Itália e na Alemanha. Tornando-se, dessa forma, um dos melhores livros sobre fascismo de todos os tempos.